Neste artigo, transcreverei a história de um
desbravador brasileiro que muito contribuiu para as Comunicações no
Brasil.
No dia 5 de maio de 1865, na Sesmaria do Morro
Redondo, em Mimoso, Mato Grosso, nascia Cândido Mariano da Silva
Rondon que, perdendo os pais muito cedo, passou a residir com seu
avô, de quem adotaria o sobrenome Rondon.
Até 1878, o Menino Cândido Rondon fez os seus
estudos primários. Em 1879, em Cuiabá, matriculou-se no Liceu
Cuiabano, onde ficou até 1881, quando se formou professor, com 16
anos de idade. Seguiu para o Rio de Janeiro em 1881, ainda
matriculando-se na Escola Militar onde ficou até janeiro de 1889,
quando se formou. E foi na qualidade de Tenente do Glorioso Exército
de Caxias que iniciou a sua Epopéia das Comunicações, que o
imortalizaria.
Em 1890 pretendia o Governo estabelecer contatos
telegráficos com os distantes pontos deste país de dimensões
continentais, para o que foi constituída uma Comissão Construtora de
Linhas Telegráficas, chefiada pelo então Major Antonio Ernesto Gomes
Carneiro.
Por ser homem nascido nos sertões matogrossenses
familiarizado com a vida das selvas, o Tenente Rondon, sob o comando
do Major Gomes Carneiro, iniciou seu trabalho em prol da integração
nacional. Em 13 meses, estende com seus comandados a linha
telegráfica, ligando Cuiabá a Registro do Araguaia, num total de 600
Km, passando por Capim Branco. De lá toma o rumo de Ponte da Pedra,
depois a Sangradouro, sem maiores problemas. Quando se encontravam em
Ribeirão de Insua, a 42 Km do final tiveram que levantar acampamento
e retornar, às pressas, a Registro do Araguaia, já que os índios
começavam a mostrar-se ameaçadores, e Gomes Carneiro não queria
matá-los, ou sequer afugentá-los. Em 30 de abril de 1891, são
inauguradas as estações telegráficas e Gomes Carneiro passa para
Rondon a chefia da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas.
Em 1892 foi iniciada a reconstrução das linhas
telegráficas de Cuiabá ao Araguaia. Foi nessa época que Rondon
estabeleceu o "Lema" que nortearia todo seu trabalho no
sertão, em relação aos índios; "Morrer, se necessário for;
matar, nunca!" Descendentes de índios pelo lado materno,
amava-os como a irmãos que realmente eram, e, ao longo de sua vida,
seu nome seria cantado à beira do fogo nos tapiris como o "Pai
Branco" do povo indígena.
Em 1900, Rondon volta ao sertão para iniciar a
construção da linha Cuiabá-Corumbá até as fronteiras do Paraguai
e Bolívia. Com 100 homens, inicia os trabalhos, sofre baixas pelas
doenças na Selva e recebe auxílio dos índios Bororós, em troca de
presentes e comidas. Em 6 anos, construíram uma rede telegráfica com
1746 Km de extensão e 7 estações. A fronteira do Paraguai ficou
ligada ao Brasil por dois pontos: Porto Murtinho e Bela Vista a da
Bolívia por Corumbá e Coimbra. E, em expedições geográficas,
tornou a região conhecida do ponto de vista cartográfico e
demográfico.
Em 1909 o então Presidente da República Afonso
Pena chama-o ao Rio de Janeiro para dar-lhe nova tarefa: ligar, por
telégrafo, Mato Grosso ao Amazonas, tendo como pontos extremos
Cuiabá e Santo Antônio da Madeira. De 3 de maio de 1909 a 21 de
dezembro do mesmo ano a expedição percorreu todo o noroeste
matogrossense. Foram 2297 Km por terra e 1138 Km por via fluvial,
além de 200 Km de variantes estudadas, perfazendo um total de 2435
Km. Em 14 de junho de 1910, um ano depois, era inaugurada a estação
telegráfica de Juruena, de 101 Km e 885 metros de linha assentada
entre Utiariti e Juruena. Mais tarde, em 12 de outubro, começariam a
funcionar as estações Nhambiquara e Vilhenas, a 130 Km de Cuiabá.
Paralelamente, Rondon prosseguia com suas incursões pela mata, para
reconhecimento geográfico da região.
Até a próxima.
Bibliografia:
Linhas de Comunicações, Jaroslav Smit,
Editora Érica, 3ª edição, 1988, São Paulo