Alexandre Dezem Bertozzi
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Radioamadorismo: Hobby ou Ciência?

"RONDON – O Comunicador", Cândido Mariano da Silva Rondon

Parte 7

Em 1913 Rondon recebeu telegramas dos Ministros da Guerra, Viação e Exterior sobre a escolha de seu nome para organizar a comissão que deveria acompanhar o Sr. Roosevelt, ex-presidente dos Estados Unidos, na sua viagem através do Brasil. Foi nessa viagem pelo interior do Brasil que Rondon descobriu o Rio da Dúvida, afluente do Madeira, de que muitos duvidam da existência, daí o nome. Diz-se que o roteiro traçado para o passeio de Roosevelt havia sido preconcebido por Rondon, para esse fim. A missão, que durou de dezembro de 1913 a maio de 1914, começou em Cuiabá e terminou em Manaus, num total de 3 mil Km. De maio de 1914 a novembro do mesmo ano, foi total sua dedicação à instalação das linhas telegráficas do Amazonas, ligando o Vale do Ji-Paraná ao Janari, atravessando um contraforte da Cordilheira dos Parecis. Um ano depois, estava terminada a linha.

Voltando ao interior em 1915, dedicou-se ao levantamento geográfico de regiões do Mato Grosso. Estudou o Vale do Araguaia, completou o levantamento dos vales do Madeira e do Paraguai, descobriu o Rio Juruena, traçou o divisor das águas do Paraná com o Taquari e o Aquidauana, levantou a cabeceira de mais cinco rios, delineou seus limites, o do Xingu com o Cuiabá e o das Mortes, caracterizou diferentes serras e a extremidade norte da Serra dos Parecis.

De 1920 a 1922, Rondon dedicou-se à retificação dos levantamentos já realizados, à construção da linha telegráfica Aquidauana-Ponta Porã, com 508 Km de extensão, e à instalação, no Rio, de um escritório central. De 1927 a 1930, Rondon percorreu as fronteiras do Brasil, delimitando-as definitivamente com a Venezuela, Guianas, Bolívia e a do Paraná – Santa Catarina com Paraguai e Argentina. Resolveu, ainda, como mediador, questões de fronteiras com o Peru e a Colômbia.

Rondon e os Índios

Empolgado, desde muito cedo, pelo problema do brasilíndio, Rondon dedicou sua vida a serviço do índio.

"Morrer se necessário for; matar nunca!" Este o Lema que acompanhou Rondon e seus comandados, no contato com os índios. Sua política de atração, mesmo quando atacado – e quantas vezes tal ocorreu – era sempre a mesma: recuar, deixando nas clareiras presentes aos índios, sem disparar um só tiro. Aí, ficava dias à espreita, deixando, vez por outra, mais presentes.

Quando ia ao Rio de Janeiro sempre lutava junto aos escalões superiores, pelo amparo aos índios, contra a miséria e a insalubridade na qual viviam. E os exaltava, pela colaboração que lhe prestavam nas missões que empreendia.

E lutava com denodo pela fundação de um órgão que os protegesse, amparasse.

Em 7 de setembro de 1910, o Presidente da República Nilo Peçanha fundou o Serviço de Proteção ao Índio e Trabalhadores Nacionais.

Em 1939 Rondon foi designado para Presidente Honorífico do novo Conselho Nacional de Proteção ao Índio, hoje, Fundação Nacional do Índio – FUNAI. Enfrentou os perigos da selva, o desconforto dos acampamentos em plena mata, os enxames de muriçocas, borrachudos. A tudo suportou com estoicismo, jamais recuando, sempre severo, quando em ações, na exigência à disciplina por parte de seus comandados, no que não transigia de maneira alguma. Mas mostrava-se insolitamente dócil quando se tratava de um índio.

Justo Reconhecimento

A 19 de janeiro de 1958, com 93 anos, morre Cândido Mariano da Silva Rondon, comunicador e integrador por excelência, que está na consciência do povo brasileiro. Em sua homenagem foi dado o nome de Rondônia à grande Região desmembrada dos Estados de Mato Grosso e Amazonas por onde ele passou em 1909, em viagem de descoberta.

Sua obra no setor de Comunicações serviu de base para os trabalhos hoje realizados pelo Ministério das Comunicações em todo o país. Fronteiras fixadas por ele, com imensas dificuldades, foram definitivamente delimitadas pelo Ministério das Relações exteriores. De sua política e pesquisa com índios resultou a FUNAI.

Portanto, é uma justa e merecida homenagem que, no dia 5 de maio, data do aniversário de Cândido Mariano da Silva Rondon, celebre-se no Brasil o "Dia das Comunicações".

Bibliografia:

Linhas de Comunicações, Jaroslav Smit, Editora Érica, 3ª edição, 1988, São Paulo.