TV PAL-M, princípios básicos de Funcionamento.
Artigo enviado à ABERT, Brasília em: 20 de junho de 2001.
Gostaria primeiramente de agradecer o recebimento do Jornal da Associação Brasileira de Rádio e Televisão, sempre com notícias e informações importantes e atuais.
Se me permite, gostaria de opinar sobre o equívoco do Nobre Deputado Mineiro Hélio Costa ao comentar sobre o nosso sistema de Televisão, "Em vez de adotar o sistema mundial" ?? " criamos um próprio, o PAL-M", no artigo sobre TV Digital no Brasil. Antecipadamente, quero deixar claro que admiro muito o Sr. Dep. Hélio Costa, pelo seu desempenho e por sua luta constante em favor de nosso Estado.
É notório o temor do Nobre Deputado, para que o Brasil adote o Padrão Digital, que melhor se encaixe para o nosso País, de dimensões continentais.
Vamos à História:
O ser humano é fascinado por cores, imagens coloridas fazem parte de nosso universo e através dos anos, as pesquisas científicas nos proporcionaram a fotografia colorida, o cinema colorido e finalmente a Televisão a Cores. Atualmente o receptor de Televisão monocromático é um aparelho de uso secundário nas residências, e as vezes, até raro. Poucos fabricantes ainda mantêm modelos monocromáticos nas suas linhas de produção.
O mundo moderno, telespectadores cada vez mais exigentes e o desenvolvimento da tecnologia proporcionaram a evolução lógica da Televisão Preto & Branco para a Televisão a Cores. Quem nunca perguntou de forma surpresa: Esse Programa/Filme é em preto e branco ? Fato que pode até desmotivar o telespectador para assistir ao filme.
Na criação da transmissão de Televisão a Cores, os engenheiros responsáveis tiveram que compatibilizar a Televisão a Cores com o padrão Preto e Branco já existente, ou seja, o conjunto de características técnicas (largura de faixa, freqüência de varredura horizontal e vertical, localização padrão das portadoras de vídeo e áudio) da Televisão Preto & Branco deveriam ser mantidas. Desta forma, um receptor Preto & Branco pode receber perfeitamente uma transmissão em cores (logicamente irá mostrar a imagem em Preto & Branco) e um receptor a cores receber imagem em Preto & Branco.
Em 1953, um grupo de emissoras nos Estados Unidos da América aprovou o Sistema de Transmissão a Cores que foi especificado por um comitê denominado NTSC (National Televison System Committee) e esse sistema de transmissão a cores foi denominado de NTSC.
Os engenheiros Europeus desenvolveram dois novos sistemas na década de 60, aprimorando o Sistema NTSC que apresentava algumas limitações. A empresa TELEFUNKEN da Alemanha Ocidental criou o Sistema PAL (Phase Alternation Line) que é uma variante do sistema NTSC, melhorando suas caracteristicas. A França, por sua vez, criou o sistema SECAM (Sequentiel Couleur Avec Mémoire) que é bastante diferente do Sistema NTSC
Realmente, o Brasil é o único País no mundo que adota o padrão PAL-M, que significa: Sistema de cor PAL, com padrão M de transmissão.
A história começa em 1950, quando foi escolhido o padrão M (Padrão dos Estados Unidos da América de 525 linhas) para transmissão em Preto & Branco.
Em 1969, época da implantação da TV a cores no Brasil, o Sistema NTSC ainda apresentava deficiência (variações na matiz da cor), hoje, claro, já superados. Ironicamente, era denominada de "Never Twice The Same Color" (Nunca a mesma cor duas vezes), e simultaneamente o sistema PAL se expandia por toda a Europa e possuía uma maior estabilidade de matizes. O Conselho Nacional de Telecomunicações no Brasil, após solicitar e analisar uma série de estudos, adotou o Sistema PAL, mas com adaptações, pois na Europa o Sistema PAL funciona com 625 linhas, incompatíveis com o padrão M utilizado no Brasil. Era necessário manter o mesmo padrão para que todos os receptores monocromáticos do Brasil continuassem a receber perfeitamente as imagens depois da implantação da TV a cores no País.
As diferenças existentes entre os Sistemas e Padrões de Transmissão de Televisão geram situações curiosas e confusas.
Com a grande variedade de Sistemas-Padrões de Televisão no mundo, surgem problemas com alguns aparelhos (receptores de TV, videocassete) e fitas de vídeo importados. Há uma necessidade de padronização mundial nessa área, caso contrário, os problemas gerados pelas incompatibilidades entre Sistemas-Padrões irão incomodar muitas pessoas leigas no mundo inteiro. Mesmo, dentro da Europa, onde os países estão bem próximo um do outro, há incompatibilidade. Por causa disso, alguns fabricantes europeus produzem televisores e videocassetes "multisistemas", ou seja, capazes de captar transmissões de vários sistemas e padrões distintos.
Mas o desenvolvimento da tecnologia segue em frente a passos largos, já começaram as transmissões de televisão Digital em Alta Definição com 1125 linhas (HDTV) em fase experimental, onde a qualidade da imagem é semelhante à dos cinemas, mas com diversos problemas de compatibilidade com os atuais sistemas e padrões.
Retornando novamente aos sistemas atuais de transmissão a cores (NTSC, PAL, SECAM), houve também um desenvolvimento dos receptores para a Geração dos Receptores Digitais. No Brasil, a grande maioria dos fabricantes já comercializam essa nova geração de receptores.
Os receptores Digitais proporcionam as seguintes facilidades, dentre outras:
Devemos nos atentar para a Compatibilidade Mundial de Sistemas e Padrões, principalmente agora com tantas inovações tecnológicas, para que não fiquemos isolados como uma ilha, em um futuro muito, muito próximo, quando falamos em TV DIGITAL.
Espero que este breve relato, sirva para esclarecer o porque do Brasil ter sido o único em adotar o sistema PAL-M, no mundo.
Características dos principais padrões de Televisão Monocromática (Preto e Branco).
Padrão Características |
B |
E |
G |
H |
I |
L |
M |
N |
Nº de linhas |
625 |
819 |
625 |
625 |
625 |
625 |
525 |
625 |
Freqüência de varredura Vertical (Hz) |
50 |
50 |
50 |
50 |
50 |
50 |
60 |
50 |
Freqüência de Varredura Horizontal (Hz) |
15625 |
20475 |
15625 |
15625 |
15625 |
15625 |
15750 |
15625 |
Máxima freqüência de Vídeo (MHz) |
5 |
10 |
5 |
5 |
5,5 |
6 |
4,2 |
4,2 |
Largura de Faixa de RF (MHz) |
7 |
14 |
8 |
8 |
8 |
8 |
6 |
6 |
(Ps-Pv) (MHz) |
5,5 |
11,15 |
5,5 |
5,5 |
6 |
6,5 |
4,5 |
4,5 |
Largura de faixa Banda Lateral Residual (MHz) |
0,75 |
2 |
0,75 |
1,25 |
1,25 |
1,25 |
0,75 |
0,75 |
Tipo de Modulação da portadora de Vídeo. |
AMVSB |
AMVSB |
AMVSB |
AMVSB |
AMVSB |
AMVSB |
AMVSB |
AMVSB |
Tipo de Modulação da portadora de SOM. |
FM |
AM |
FM |
FM |
FM |
FM |
FM |
FM |
Relação entre as potências transmitidas dos sinais de RF de vídeo e SOM. |
10/1 |
4/1 |
10/1 |
5/1 |
5/1 |
8/1 |
10/1 |
10/1 |
Características dos Principais Sistemas de Televisão a Cores.
SISTEMA -> |
NTSC |
PAL |
PAL |
PAL |
PAL |
SECAM |
SECAM |
PADRÃO -> |
M |
B,G,H |
I |
M |
N |
B,G,H |
L |
Subportadora de Cor |
3,579545 |
4,43361875 |
4,43361875 |
3,57561149 |
3,58205625 |
fspR = 4,406250 fspB = 4,250 (MHz) | |
Freqüência de Varredura Horizontal |
15734,26 |
15625 |
15625 |
15734,26 |
15625 |
15625 |
15625 (Hz) |
Freqüência de Varredura Vertical |
59,94 |
50 |
50 |
59,94 |
50 |
50 |
50 |
Tipo da modulação da subportadora de crominância |
AMDSB/SC . Modulação em Quadratura |
FM |
FM | ||||
Informações de Crominância Transmitidas |
I e Q |
U e V |
U e V |
U e V |
U e V |
Dr e Db |
Dr e Db |
Relação de Alguns Países e Respectivos Sistemas . Padrões de TV Adotados.
PAÍS (AMÉRICA) |
SISTEMA |
PADRÃO |
Argentina |
PAL |
N |
Bahamas |
NTSC |
M |
Bolívia |
PAL |
N |
Brasil |
PAL |
M |
Canadá |
NTSC |
M |
Chile |
NTSC |
M |
Colômbia |
NTSC |
M |
Costa Rica |
NTSC |
M |
Cuba |
NTSC |
M |
Equador |
NTSC |
M |
El Salvador |
NTSC |
M |
Estados Unidos |
NTSC |
M |
Groelândia |
NTSC |
M |
Haiti |
NTSC |
M |
Jamaica |
NTSC |
M |
México |
NTSC |
M |
Nicarágua |
NTSC |
M |
Paraguai |
PAL |
N |
Panamá |
NTSC |
M |
Peru |
NTSC |
M |
Porto Rico |
NTSC |
M |
Uruguai |
PAL |
M |
Venezuela |
NTSC |
M |
PAÍSES (OCEANIA) |
SISTEMA |
PADRÃO |
Austrália |
PAL |
B |
Nova Zelândia |
PAL |
B |
Samoa Ocidental |
NTSC |
M |
PAÍS (EUROPA) |
SISTEMA |
PADRÃO |
Alemanha Ocidental |
PAL |
B |
Alemanha Oriental |
SECAM |
B |
Áustria |
PAL |
B |
Bélgica |
PAL |
B |
Bulgária |
SECAM |
D |
Dinamarca |
PAL |
B |
Espanha |
PAL |
B |
Finlândia |
PAL |
B |
França |
SECAM |
E |
Grécia |
PAL |
B |
Holanda |
PAL |
B |
Hungria |
SECAM |
D |
Inglaterra |
PAL |
A |
Irlanda |
PAL |
A |
Itália |
PAL |
B |
Iugoslávia |
PAL |
B |
Mônaco |
SECAM |
E |
Noruega |
PAL |
B |
Polônia |
SECAM |
D |
Portugal |
PAL |
B |
Romênia |
SECAM |
D |
Suíça |
PAL |
B |
Suécia |
PAL |
B |
Tchecoslováquia |
SECAM |
D |
PAIS (ÁFRICA) |
SISTEMA |
PADRÃO |
África do Sul |
PAL |
I |
Angola |
PAL |
I |
Argélia |
PAL |
B |
Egito |
SECAM |
B |
Líbia |
SECAM |
B |
Marrocos |
SECAM |
B |
Nigéria |
PAL |
B |
Uganda |
PAL |
B |
PAÍS (ÁSIA) |
SISTEMA |
PADRÃO |
Coréia |
NTSC |
M |
China |
PAL |
D |
Filipinas |
NTSC |
M |
Hong-Kong |
PAL |
I |
Indonésia |
PAL |
B |
Irã |
SECAM |
B |
Iraque |
SECAM |
B |
Israel |
PAL |
B |
Japão |
NTSC |
M |
Kuwait |
PAL |
B |
Malásia |
PAL |
B |
Paquistão |
PAL |
B |
Singapura |
PAL |
B |
Sri Lanka |
PAL |
B |
Tailândia |
PAL |
B |
Taiwan |
NTSC |
M |
Turquia |
PAL |
B |
União Soviética |
SECAM |
D |
Atenciosamente:
Alexandre Dezem Bertozzi
Técnico em Telecomunicações;
Engenheiro Eletricista e Eletrônico;
Especialista em Engenharia de Segurança;
Especializando em Engenharia de Telecomunicações.
datatel@netfor.com.br www.datatel.cjb.net